quarta-feira, 25 de abril de 2012



Carlos Drummond de Andrade, nasceu em 31/10/ 1902, natural de Itabira-MG.
Este texto é o poema de abertura de Alguma Poesia, o primeiro livro de Carlos Drummond de Andrade, publicado em 1930, em que marca a história da literatura e o início da segunda geração modernista.


Poema de sete faces


Quando nasci, um anjo torto
desses que vivem na sombra
disse: Vai, Carlos! ser gauche na vida.

As casas espiam os homens
que correm atrás de mulheres.
A tarde talvez fosse azul,
não houvesse tantos desejos.

O bonde passa cheio de pernas:
pernas brancas pretas amarelas.
Para que tanta perna, meu Deus, pergunta meu coração.
Porém meus olhos
não perguntam nada.

O homem atrás do bigode
é sério, simples e forte.
Quase não conversa.
Tem poucos, raros amigos
o homem atrás dos óculos e do bigode.

Meu Deus, por que me abandonaste
se sabias que eu não era Deus
se sabias que eu era fraco.

Mundo mundo vasto mundo,
se eu me chamasse Raimundo
seria uma rima, não seria uma solução.
Mundo mundo vasto mundo,
mais vasto é meu coração.

Eu não devia te dizer
mas essa lua
mas esse conhaque
botam a gente comovido como o diabo

          "Carlos Drummond de Andrade"





Vandete Carvalho Santana




3 comentários:

  1. Vandete, fala um pouquinho do nosso saudoso Carlos Drumont, sua vida, seus principais escritos.

    Ivone Brito da Silva

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  2. Através da internet o aluno tem a oportunidade de ler alguns dos poemas de Drummond,conhecendo seu estilo e observando como ele retrata a sociedade, o conflito,lembranças.Nota-se que ele escreve com uma dose de ironia,humor revela certa forma mineiramente cautelosa de refletir,deixando assim sua poesia mais atraente.

    Selma Cristina Gonçalves Costa.

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