Plano de aula
Literatura:
Movimento “Modernista”
Público
Alvo: 3º ano Ensino Médio
Tempo:
50min: hora/aula
Duração: 4
aulas - 2 semanas.
De acordo com a grade
curricular do ensino médio duas aulas por semana Literatura
Objetivos:
1.
Conhecer e vivenciar aspectos literários, artístico
e cultural da Semana da Arte Moderna de 1922.
2.
Proporcionar
uma recriação do espírito do movimento modernista, em sua diversidade e suas
contradições.
Ponto de partida:
Leitura
do texto: Semana da Arte moderna O Sarampo Antropológico.
Texto
Publicado na Folha de São Paulo no dia 15 de maio de 1978.
Comentários:
O
movimento modernista começou antes de 1922 e se prolongou pelas décadas
seguintes, caracterizou-se por um grande debate de ideias e de concepções
estéticas, que marcou todos os aspectos da cultura brasileira, em especial a
literatura, a arte e a música.
Estratégias:
1)
Por meio de aulas expositivas e pesquisas
extraclasse, em sites da Internet estudar o modernismo e a Semana de Arte
Moderna de 1922, buscando compreender seu significado, sua importância
histórica e os acontecimentos mais relevantes do movimento; (1ºaula)
2)
Dividir os alunos em grupo e distribuir
o texto O Sarampo Antropofágico “folha
de estudo.(2º aula)
3) Definir
os autores e textos que farão parte da dramatização (3º aula).
4) Produto
Final, apresentação do “Manifesto Antropofágico", de Oswald de
Andrade apresentado pelo alunos
(dramatização por um dos grupo ), o poema "Os Sapos", de Manuel
Bandeira (Ultima aula).
5) Obs.:
Cada grupo terá um tempo de 25 minutos para apresentar.
A sala será dividida em dois grupos onde os
alunos usarão a sua criatividade em passar sobre estes dois temas.
O SARAMPO ANTROPOFÁGICO
A respeito do Movimento Modernista,
os críticos e os estudiosos entram em sintonia em um ponto: A Semana de Arte Moderna, realizada em
1922, em São Paulo, representou um marco, verdadeiro ponto de inflexão no modo
de ver o Brasil.
Não só de ver como de
escrever sobre o Brasil. Em geral, os artistas e intelectuais de 1922 queriam
arejar o quadro mental da nossa "intelligentsia",
queriam pôr fim ao ranço beletrista, à postura verborrágica e à mania de falar
difícil e não dizer nada. Enfim, queriam eliminar o mofo passadista da vida
intelectual brasileira.
Do ponto de vista artístico, o objetivo fundamental da Semana foi acertar os
ponteiros da nossa Literatura com a Modernidade Contemporânea.
Entretanto, para isso, era
necessário entrar em contato com as técnicas literárias e visões de mundo do
futurismo: do dadaísmo, do expressionismo
e do surrealismo, que formavam, na mesma época, a vanguarda europeia. Desse
ângulo, o Modernismo é expressão da modernização operada no Brasil a partir da
década de 20, que começava a dar sinais de mudança (vide, no plano político, o
movimento rebelde dos tenentes) de uma economia agroexportadora para uma
economia industrial.
Esse juízo é, do ponto de vista mais geral, certeiro; no entanto, ele não deve
esconder as diferenças no seio do movimento de 22.
No entanto, por diferenças
de ordem política, ideológica e estética, seguiram-se duas correntes Modernistas: uma de inspiração
conservadora e totalitária, que iria, em 1932, engrossar as fileiras do
integralismo, e outra, mais crítica e dissonante, interessada em demolir os
mitos ufanistas e contribuir para o conhecimento de um Brasil, real que não aparecia nas manifestações
oficiais da nossa cultura.
O pressuposto essencial de
22, o autoconhecimento do País, tinha a um só tempo de acabar com o mimetismo
mental e denunciar o atraso, a miséria e o subdesenvolvimento. Mas denunciar
com uma linguagem do nosso tempo, moderna, coloquial, aproveitando o arsenal
estilístico e estético das inovações vanguardas europeias.
Essas duas correntes se delineiam em 1924, com a publicação do primeiro
manifesto de Oswald de Andrade, Pau Brasil, no "Correio da Manhã".
Nele já estava inscrito o lema que guiaria toda a atividade artística e
intelectual da ala crítica Modernista: "A língua sem arcaísmos, sem
erudição. A contribuição milionária de todos os erros. Como falamos. Como somos".
A outra corrente, conservadora, que iria opor-se a Oswald de Andrade, seria
conhecida por verde amarelismo, cujo batismo mostra bem a filiação nacionalista
e xenófoba: um canto de amor, cego e irrestrito, às "glórias
pátrias". Em 1928, essa oposição recrudesce. E, com ela, a politização do
modernismo. Verde-amarelismo transmuta-se em Anta; Paulo-Brasil deságua no
movimento antropofágico.
Neste mês de maio faz 50 anos que o inquieto, o irreverente e zombeteiro Oswald
de Andrade escreveu o manifesto literário antropofágico. De lá para cá muita
coisa mudou no Brasil. Tanto política como culturalmente.
Apesar de marcado ainda por
traços de dependência, o País se industrializou nas últimas décadas; houve
mudanças sociais e econômicas significativas. Se não quisermos apenas celebrar
ingenuamente a data, temos de nos perguntar: teria ainda alguma coisa a dizer e
a ensinar o manifesto literário escrito em 1928?
Outrossim, seria preciso situar o núcleo da antropofagia, que Oswald de
Andrade, aliás, nunca formulou clara e explicitamente; seu manifesto foi
escrito numa linguagem elíptica, repleta de ambiguidades e sem ligação
explícita entre as frases. Mas, mesmo assim, dele é possível extrair algumas
formulações. O que o caracteriza é a retratação do caráter assimétrico da nossa
cultura, onde coexistiam o bacharelismo de Rui Barbosa, ou as piruetas
verborrágicas de Coelho Neto, junto com as experiências vanguardistas do pintor
Portinari. E hoje, de um lado, a moda de viola e a música sertaneja; doutro
lado, a bossa nova e o cinema novo. Essa mistura, por assim dizer, era vista
como resultado do desenvolvimento histórico no Brasil que, apesar de unitário,
apresenta um abismo entre os aspectos arcaicos e modernos, entre as favelas e
os arranha-céus, entre os guardadores de carro e os
"shopping-centers", entre Embratel e Piauí.
O manifesto antropofágico
tocou no cerne do capitalismo no terceiro mundo: a dependência. Ou pelo menos
captou seus reflexos no plano da cultura. Denunciou o bacharelismo das camadas
cultas, que permanecem alheadas da realidade do País, reproduzindo os
simulacros dos países capitalistas hegemônicos. Ironizou a consciência enlatada
de largos setores do pensamento brasileiro, que se comprazem, quando muito, em
assimilar ideias, jamais criá-las. Se Oswald de Andrade teve a lucidez de
ridicularizar com o mimetismo que tanto seduz o intelectual solene e bacharel,
ele não caiu no equívoco de fechar as portas do País do ponto de vista
cultural. Ao contrário, sua formulação em torno da "deglutição antropofágica"
exige o remanejamento das ideias mais avançadas do Ocidente em conformidade com
a especificidade de nosso contorno social e político.
Portanto, nesse ponto é difícil negar sua atualidade. Ademais, a estrutura
social que a antropofagia reflete e denuncia ainda não mudou em seus aspectos
fundamentais. A industrialização das últimas décadas, realizada sob a égide do
capitalismo concentracionista, aguçou ainda mais o desenvolvimento desigual em
nosso País, trazendo, de um lado, sofisticação e modernização tecnológicas e, do
outro lado, engendrando boias-frias e marginalidade urbana. O Brasil em que
Oswald escreveu o manifesto antropofágico e o Brasil de hoje é ainda o mesmo,
ostentando, entre outras coisas, "berne nas costas e calosidades
portinarescas nos pés descalços".
A retomada oswaldina na
década de 60, sobretudo pela música popular (através do movimento
tropicalista), tem a sua razão de ser em parte na persistência dessa estrutura
social. Ao contrário da década de 40 - épocas em que foi injustamente criticado
de escritor desleixado e superficial - Oswald de Andrade goza, nos dias de
hoje, de enorme receptividade, principalmente junto ao público universitário.
Ao lado de Mário de Andrade, que forma o outro polo da Moderna Literatura Brasileira,
é impossível compreender o sentido e a dinâmica do movimento de 22 sem levá-lo
em conta.
Nesse sentido, o manifesto antropofágico é um sarampo que pegou fundo e de
maneira duradoura a cultura no Brasil. O texto acima é um editorial. Foi publicado
na Folha de São Paulo no dia 15 de maio de 1978
Este
texto será usado como folha de estudo da nossa 2º aula.
Na sala de informática será
mostrado aos alunos o Manifesto antropológico – Oswald de Andrade.
AULA PLANEJADA PELA ALUNAS:
IVONE BRITO DA SILVA - RA: BO26D14
SELMA CRISTINA GONÇALVES COSTA - RA: A98582-4
VANESSA CAVALCANTE - RA:BO0441HA7
VANDETE SANTANA - RA: 9778799