domingo, 13 de maio de 2012

VOU-ME EMBORA PRA PASÁRGADA


Vou-me embora pra Pasárgada
Lá sou amigo do rei
Lá tenho a mulher que eu quero
Na cama que escolherei
Vou-me embora pra Pasárgada
Vou-me embora pra Pasárgada
Aqui não sou feliz
Lá a existência é uma aventura
De tal modo inconseqüente
Que Joana a Louca de Espanha
Rainha e falsa demente
Vem a ser contraparente
Da nora que eu nunca tive
E como farei ginástica
Andarei de bicicleta
Montarei em burro brabo
Subirei no pau-de-sebo
Tomarei banhos de mar!
E quando estiver cansado
Deito na beira do rio
Mando chamar a mãe-d'água.
Pra me contar histórias
Que no tempo de eu menino
Rosa vinha me contar
Vou-me embora pra Pasárgada
Em Pasárgada tem tudo
É outra civilização
Tem um processo seguro
De impedir a concepção
Tem telefone automático
Tem alcalóide à vontade
Tem prostitutas bonitas
Para gente namorar
E quando eu estiver mais triste
Mas triste de não ter jeito
Quando de noite me der
Vontade de me matar
Lá sou amigo do rei
Terei a mulher que eu quero
Na cama que escolherei
Vou-me embora pra Pasárgada.



 DE Manuel Bandeira



SELMA CRISTINA GONÇALVES COSTA


2 comentários:

  1. Quem quiser ouvir VOU-ME EMBORA PRA PASÁRGADA,na voz do poeta é só entrar no site http://www.culturabrasil.pro.br/bandeira.htm.
    É muito legal.

    Selma Cristina Gonçalves Costa.

    ResponderExcluir
  2. É isso mesmo Selma precisamos postar vários autores Modernistas para nossos futurosa alunos. Com isso eles vão se familiarizando com os autores gradativamente.

    Ivone Brito da Silva

    ResponderExcluir