domingo, 13 de maio de 2012

PLANEJAMENTO DA AULA


Plano de aula
  
Literatura: Movimento “Modernista”
Público Alvo: 3º ano Ensino Médio
Tempo: 50min: hora/aula
Duração: 4 aulas  - 2 semanas.
De acordo com a grade curricular do ensino médio duas aulas  por semana Literatura

Objetivos:
1.    Conhecer e vivenciar aspectos literários, artístico e cultural da Semana da Arte Moderna de 1922.
2.     Proporcionar uma recriação do espírito do movimento modernista, em sua diversidade e suas contradições.

Ponto de partida:
Leitura do texto: Semana da Arte moderna O Sarampo Antropológico.
Texto Publicado na Folha de São Paulo no dia 15 de maio de 1978.

Comentários:
O movimento modernista começou antes de 1922 e se prolongou pelas décadas seguintes, caracterizou-se por um grande debate de ideias e de concepções estéticas, que marcou todos os aspectos da cultura brasileira, em especial a literatura, a arte e a música.

Estratégias:

1)   Por meio de aulas expositivas e pesquisas extraclasse, em sites da Internet estudar o modernismo e a Semana de Arte Moderna de 1922, buscando compreender seu significado, sua importância histórica e os acontecimentos mais relevantes do movimento; (1ºaula)
2)   Dividir os alunos em grupo e distribuir o texto O Sarampo Antropofágico  “folha de estudo.(2º aula)
3)   Definir os autores e textos que farão parte da dramatização (3º aula).
4)   Produto Final, apresentação do “Manifesto Antropofágico", de Oswald de Andrade  apresentado pelo alunos (dramatização por um dos grupo ), o poema "Os Sapos", de Manuel Bandeira  (Ultima aula).
5)   Obs.: Cada grupo terá um tempo de 25 minutos para apresentar.
A sala será dividida em dois grupos onde os alunos usarão a sua criatividade em passar sobre estes dois temas.



O SARAMPO ANTROPOFÁGICO
A respeito do Movimento Modernista, os críticos e os estudiosos entram em sintonia em um ponto: A Semana de Arte Moderna, realizada em 1922, em São Paulo, representou um marco, verdadeiro ponto de inflexão no modo de ver o Brasil.

Não só de ver como de escrever sobre o Brasil. Em geral, os artistas e intelectuais de 1922 queriam arejar o quadro mental da nossa "intelligentsia", queriam pôr fim ao ranço beletrista, à postura verborrágica e à mania de falar difícil e não dizer nada. Enfim, queriam eliminar o mofo passadista da vida intelectual brasileira.

Do ponto de vista artístico, o objetivo fundamental da Semana foi acertar os ponteiros da nossa Literatura com a Modernidade Contemporânea.

Entretanto, para isso, era necessário entrar em contato com as técnicas literárias e visões de mundo do futurismo: do dadaísmo, do expressionismo e do surrealismo, que formavam, na mesma época, a vanguarda europeia. Desse ângulo, o Modernismo é expressão da modernização operada no Brasil a partir da década de 20, que começava a dar sinais de mudança (vide, no plano político, o movimento rebelde dos tenentes) de uma economia agroexportadora para uma economia industrial.
Esse juízo é, do ponto de vista mais geral, certeiro; no entanto, ele não deve esconder as diferenças no seio do movimento de 22.

No entanto, por diferenças de ordem política, ideológica e estética, seguiram-se duas correntes Modernistas: uma de inspiração conservadora e totalitária, que iria, em 1932, engrossar as fileiras do integralismo, e outra, mais crítica e dissonante, interessada em demolir os mitos ufanistas e contribuir para o conhecimento de um Brasil,  real que não aparecia nas manifestações oficiais da nossa cultura.

O pressuposto essencial de 22, o autoconhecimento do País, tinha a um só tempo de acabar com o mimetismo mental e denunciar o atraso, a miséria e o subdesenvolvimento. Mas denunciar com uma linguagem do nosso tempo, moderna, coloquial, aproveitando o arsenal estilístico e estético das inovações vanguardas europeias.

Essas duas correntes se delineiam em 1924, com a publicação do primeiro manifesto de Oswald de Andrade, Pau Brasil, no "Correio da Manhã". Nele já estava inscrito o lema que guiaria toda a atividade artística e intelectual da ala crítica Modernista: "A língua sem arcaísmos, sem erudição. A contribuição milionária de todos os erros. Como falamos. Como somos". A outra corrente, conservadora, que iria opor-se a Oswald de Andrade, seria conhecida por verde amarelismo, cujo batismo mostra bem a filiação nacionalista e xenófoba: um canto de amor, cego e irrestrito, às "glórias pátrias". Em 1928, essa oposição recrudesce. E, com ela, a politização do modernismo. Verde-amarelismo transmuta-se em Anta; Paulo-Brasil deságua no movimento antropofágico.

Neste mês de maio faz 50 anos que o inquieto, o irreverente e zombeteiro Oswald de Andrade escreveu o manifesto literário antropofágico. De lá para cá muita coisa mudou no Brasil. Tanto política como culturalmente.
Apesar de marcado ainda por traços de dependência, o País se industrializou nas últimas décadas; houve mudanças sociais e econômicas significativas. Se não quisermos apenas celebrar ingenuamente a data, temos de nos perguntar: teria ainda alguma coisa a dizer e a ensinar o manifesto literário escrito em 1928?

Outrossim, seria preciso situar o núcleo da antropofagia, que Oswald de Andrade, aliás, nunca formulou clara e explicitamente; seu manifesto foi escrito numa linguagem elíptica, repleta de ambiguidades e sem ligação explícita entre as frases. Mas, mesmo assim, dele é possível extrair algumas formulações. O que o caracteriza é a retratação do caráter assimétrico da nossa cultura, onde coexistiam o bacharelismo de Rui Barbosa, ou as piruetas verborrágicas de Coelho Neto, junto com as experiências vanguardistas do pintor Portinari. E hoje, de um lado, a moda de viola e a música sertaneja; doutro lado, a bossa nova e o cinema novo. Essa mistura, por assim dizer, era vista como resultado do desenvolvimento histórico no Brasil que, apesar de unitário, apresenta um abismo entre os aspectos arcaicos e modernos, entre as favelas e os arranha-céus, entre os guardadores de carro e os "shopping-centers", entre Embratel e Piauí.

O manifesto antropofágico tocou no cerne do capitalismo no terceiro mundo: a dependência. Ou pelo menos captou seus reflexos no plano da cultura. Denunciou o bacharelismo das camadas cultas, que permanecem alheadas da realidade do País, reproduzindo os simulacros dos países capitalistas hegemônicos. Ironizou a consciência enlatada de largos setores do pensamento brasileiro, que se comprazem, quando muito, em assimilar ideias, jamais criá-las. Se Oswald de Andrade teve a lucidez de ridicularizar com o mimetismo que tanto seduz o intelectual solene e bacharel, ele não caiu no equívoco de fechar as portas do País do ponto de vista cultural. Ao contrário, sua formulação em torno da "deglutição antropofágica" exige o remanejamento das ideias mais avançadas do Ocidente em conformidade com a especificidade de nosso contorno social e político.

Portanto, nesse ponto é difícil negar sua atualidade. Ademais, a estrutura social que a antropofagia reflete e denuncia ainda não mudou em seus aspectos fundamentais. A industrialização das últimas décadas, realizada sob a égide do capitalismo concentracionista, aguçou ainda mais o desenvolvimento desigual em nosso País, trazendo, de um lado, sofisticação e modernização tecnológicas e, do outro lado, engendrando boias-frias e marginalidade urbana. O Brasil em que Oswald escreveu o manifesto antropofágico e o Brasil de hoje é ainda o mesmo, ostentando, entre outras coisas, "berne nas costas e calosidades portinarescas nos pés descalços".

A retomada oswaldina na década de 60, sobretudo pela música popular (através do movimento tropicalista), tem a sua razão de ser em parte na persistência dessa estrutura social. Ao contrário da década de 40 - épocas em que foi injustamente criticado de escritor desleixado e superficial - Oswald de Andrade goza, nos dias de hoje, de enorme receptividade, principalmente junto ao público universitário. Ao lado de Mário de Andrade, que forma o outro polo da Moderna Literatura Brasileira, é impossível compreender o sentido e a dinâmica do movimento de 22 sem levá-lo em conta.

Nesse sentido, o manifesto antropofágico é um sarampo que pegou fundo e de maneira duradoura a cultura no Brasil. O texto acima é um editorial. Foi publicado na Folha de São Paulo no dia 15 de maio de 1978

Este texto será usado como folha de estudo da nossa 2º aula.
Na sala de informática será mostrado aos alunos o Manifesto antropológico – Oswald de Andrade.



  

AULA PLANEJADA PELA ALUNAS:

IVONE BRITO DA SILVA - RA: BO26D14
SELMA CRISTINA GONÇALVES COSTA - RA: A98582-4
VANESSA CAVALCANTE - RA:BO0441HA7
VANDETE SANTANA - RA: 9778799
 

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